A shantala, originária da Índia, nossa "grande mãe", consiste numa técnica simples, amorosa, mas muito profunda, que sempre foi passada oralmente de mãe para filha. É um carinho com seqüência, técnica, direção, que deve ser repetido no bebê diariamente a partir do primeiro mês de idade. Suas características são o silêncio, a concentração. Eu chamo até de uma meditação, o yoga do bebê.
Desenvolve outros tipos de diálogo entre a mãe e o bebê, não verbais. Com os olhos e com as mãos.
Há quanto tempo você atua como instrutora e praticante de shantala?
Eu fui a introdutora da shantala no Brasil, em 1978. São, portanto, 22 anos de muita prática. Atuando com cursos (básicos e avançados), consultas, palestras, reportagens na mídia, aos poucos a shantala foi ganhando espaço e despertando o interesse dos profissionais que trabalham com bebês.
O que motiva as pessoas a aprender shantala?
Acredito que os pais que procuram fazer shantala em seus bebês provavelmente buscam o melhor para eles, bem como vê-los relaxados, tranqüilos, dormindo bem, sem cólicas.
Qual a visão que se tem da difusão da prática da shantala no Ocidente, especialmente no Brasil?
Pessoalmente vejo que a shantala no Ocidente veio num momento extremamente importante, dando continuidade à proposta do parto e nascimento humanizados. Para muitos profissionais no Ocidente a shantala é uma técnica de estimulação, para outros uma terapia. Ela pode ser tudo isso, mas é muito mais. No Brasil, como eu sempre fui a maior divulgadora, chamo atenção para a prevenção de doenças, ao toque que traz inúmeros benefícios a nível de vinculação com a mãe.
Há diferenças entre a prática da shantala aqui e na Índia?
A coisa que mais chama atenção no aspecto cultural é que, lá, é ensinada pelas mães às filhas. Não há literatura, cursos etc. É uma técnica milenar. Aqui, eu coloquei os papais fazendo também. Não vi nada que impedisse, muito pelo contrário, é uma forma de os pais e bebês poderem se curtir mutuamente. É um momento muito especial. Também está bem aceita até nas universidades.
Por que a shantala só é recomendada a partir de um mês de nascido?
A partir de primeiro mês, o bebê já está com a pele mais preparada. Muitas vezes ela descama, troca a pele. Também o umbigo já está cicatrizado. Apesar de ser um toque carinhoso, a shantala tem um toque profundo e forte, não é superficial, faz alongamentos e trabalha a musculatura e as articulações.
Quais são os benefícios da shantala para o bebê?
Os benefícios são inúmeros, desde, como já disse, o aprimoramento do relacionamento mãe/bebê e pai/bebê, até um bom desenvolvimento psicomotor. Elimina gases, cólicas, prisão de ventre, tranqüiliza o sono, gera confiança, e por tudo isso é altamente preventiva. Raramente o bebê que recebe essa massagem diariamente vem a adoecer.
A shantala interfere na formação da personalidade do indivíduo?
De que maneira?
Acredito que a shantala pode influir fazendo a criança sentir-se muito amada, plena. E quem recebe amor, provavelmente aprende a amar e retribuir isso ao seu redor. É exatamente aí que eu vejo a conexão com a forma de nascer e o que se pode esperar de mudanças no mundo. É daí que pode vir uma transformação. Serão adultos equilibrados, tranqüilos, inteligentes e que possivelmente contribuirão para a paz no mundo.
Os efeitos da massagem são imediatos?
Os efeitos são imediatos. No mesmo dia o bebê já dorme melhor, as cólicas já diminuem. Só vendo para crer. É realmente uma técnica fantástica. Atua em todos os níveis: físico, emocional, energético e espiritual.
Há contra-indicação?
Só não se deve praticar a shantala quando o bebê está muito doente ou nas crises. É preventiva, mas na hora da crise não dá para aplicar. É preciso que a criança esteja participando, concordando com a prática. Exemplo: na crise de cólica ela chora muito, se contorce. Outra contra-indicação seria para doenças de pele que impeçam o toque. Mas ela é ótima para restabelecer a saúde. Também não deve ser feita na criança com estômago vazio. Não deve estar dormindo, nem com frio.
O que é preciso para praticar?
Somente a mãe pode massagear o seu bebê? É preciso observar a melhor hora do bebê, um local tranqüilo, óleo vegetal apropriado para o frio ou calor. A mãe é realmente a pessoa mais indicada, mas o pai também pode, os familiares e numa creche até um profissional, tudo depende da necessidade e da disponibilidade das pessoas.
Sob um ponto de vista pessoal, qual é a perspectiva em relação à prática da shantala para o futuro?
A perspectiva é que a shantala ganhe cada vez mais espaço. Luto para que todas as crianças possam ser massageadas. Todas têm direito. Estamos em expansão. E aconselho aos pais que, mesmo sem conhecer a técnica, massageiem seus filhos, mesmo intuitivamente. O toque traz saúde em todos os níveis, aproxima, elimina tensões, bloqueios, e proporciona um bem estar incrí vel para os bebês.
O profissional que deseja trabalhar com a shantala deve desenvolver a sensibilidade e o respeito por esse serzinho que está esperando por esta prática. E ter a consciência de que é um privilégio, uma oportunidade de ser um canal e de passar para o bebê o que ele merece, muita paz!
Por Fadynha
Fonte: vivernatural.com.br
Pedra Luz
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